Deixem-me chorar, olhar para o tempo a passar e achar que ele devia parar.
Deixem-me hibernar para não ter que acordar amanhã quando tudo me parece igual, banalidades rotineiras que, actualmente, fazem parte de mim mais do que queria.
Hoje, acordei e olhei ao espelho, olhei para os meus olhos cansados com vontade de não seguir em frente, olhei para a minha cara que transmitia demasiado aquilo que sentia… olhei para a minha alma vazia e magoada que levemente pedia ajuda, gritava por mim e eu não lhe respondia, não tinha força para a abraçar, para trata-la com carinho ou amor. Juro, queria fazê-lo, mas acabei virar-me para o lado ao posto para não ter que ver a minha imagem. Eu queria guardar isto para mim, queria não incomodar ninguém mas não dá, não consigo evitar não chorar com pequenas coisas. E por favor, não me digam que o tempo cura porque é mentira, apenas ameniza a revolta, a raiva e o desespero por um dia, um único dia onde possa sonhar: eu sorri com gosto!
Eu sei que todos temos épocas que são mais sufocantes e outras mais risonhas, sei que não sou a primeira nem a ultima a passar por isto, e que os dias, esses parecem meses, longos meses onde nada contribui para te acalmar. Palavras para quê? Palavras para ter que expressar isto? Palavras para momentos difíceis, onde tudo parece ainda mais complexo e improvável de resolver.
Hoje disseram-me que tinha um dom. Eu fiquei a pensar que dom? Sou mais uma simples humana num mundo selvagem de emoções, sou mais alguém que luta ou desiste por completo de algo. O que tenho em mim é mais de comum! Mas mesmo assim obrigado pelas palavras.
Vou caminhando calmamente sem grandes metas estipuladas porque não vale a pena, nada é certo só o presente e eu agora não lhe dou valor, não consigo. Tenho marcas, muitas marcas, que não consigo apagar, não se curam e queimam como as lágrimas que correm aos poucos dos meus olhos sem que cumpram aquilo que lhes peço. Por favor, silenciem a minha dor, silenciem os meus passos e a minha voz que se puder eu andaria como um fantasma.
Agora já não consigo chorar porque me custa, falta-me o ar e a esperança… acho que enterrei sentimentos.
Estes são os meus desabafos de um dia que está difícil de acabar. De olhos vermelhos observo as quatro paredes deste quarto na esperança que o amanhã tenha mais e mais coisas para ocupar o tempo, que não tenho… para não pensar nem um segundo nisto!
p.s - Palavras precisam-se como preciso de oxigénio para me aguentar por cá, nem que seja apenas fisicamente.