quinta-feira, 26 de novembro de 2020

A Sombra do Vento


Olá
Antes de qualquer informação sobre este espectacular livro peço desculpas a todos porque sei que o texto é bem grande e com algumas citações (de tantas que gostei escolhia algumas), mas para quem gosta de ler isto poderá dar uma vontade enorme de pegar neste livro e lê-lo de fio a pavio como se costuma dizer.... =)


Nome do autor: Carlos Ruiz Zafón

Título: A Sombra do Vento

Editor: Dom Quixote, 1ª edição

Local e data: Lisboa, Setembro de 2004


O autor: Carlos Ruiz Zafón nasceu em 1964 em Barcelona. Com o seu primeiro livro, “El Príncipe de la Niebla”, obteve o prémio Edebé em 1993. Desde então publicou quatro romances, sendo um deles A Sombra do Vento que ganhou o prémio de romance Fernando Lara 2001 e o prémio Llibreter 2002.



Resumo:Tudo começa em 1945, quando Daniel Sempere completa os seus 11 anos. O seu pai, ao ver o filho triste por não se conseguir lembrar do rosto da mãe já morta, leva-o numa madrugada fantasmagórica, ao Cemitério dos Livros Esquecidos, uma biblioteca secreta e labiríntica, onde se encontram obras abandonadas pelo mundo, esperando por um novo leitor, um novo espírito. Lá, Daniel escolhe um livro que tem com título A Sombra do Vento escrito por Julián Carax, um barcelonês. Ao lê-lo Daniel fica com um grande fascínio pelo autor e começa a procura das suas obras e descobre que alguém tem queimado todos os exemplares. O que Daniel tem em mãos pode ser o último.

Na sua busca primeiramente inocente, acaba por descobrir os segredos mais obscuros de Barcelona. E assim vai conhecendo personagem que o vão ajudando a resolver o mistério sobre Julián. Conhece Dom Gustavo Barceló, um livreiro, seriamente interessado na compra do livro mas Daniel não o vende por preço nenhum; Clara Barceló, sobrinha de Dom Gustavo, que é cega. Clara será quem mostra a Daniel os primeiros elementos de Carax e da sua obra. Daniel acaba por se apaixonar por Clara, que acaba por desiludi-lo; Um mendigo, Fermín Romero de Torres, que lhe diz que trabalhava no serviço de informação, espionagem. Um dia quando o pai lhe diz que precisa de um empregado Daniel lembra-se de Fermín, e assim, com o passar do tempo ele conta-lhe que anda a tentar descobrir os segredos de Julián Carax. Inconscientemente, Fermín torna-se o melhor amigo de Daniel, mais que o próprio pai.

À medida que vai descobrindo coisas sobre Carax, Daniel percebe que a sua obra está relacionada com uma história de amor entre o próprio Julián, filho de um modesto chapeleiro, e Penélope Aldaya, filha de uma família da alta sociedade. Enquanto as personagens e a cidade lhe vão revelando os seus segredos e mistérios deste amor, o próprio Daniel também vai descobrir o seu verdadeiro amor por Bea (Beatriz), a irmã mais velha do seu melhor amigo, Tomás Aguilar. Daniel leva-a ao Cemitério dos Livros Esquecidos, apresentando-lhe Julián Carax e A Sombra do Vento.

Na sua busca da verdade, conhece também Nuria Monfort, uma antiga secretária pessoal da editora Cabestany, editora dos livros de Julián Carax. Esta conta-lhe o que sabe sobre Carax mas, oculta-lhe factos importantes, tais como a amor entre Penélope e Julián, o verdadeiro nome do seu pai, já que o chapeleiro não o era.

Através de Bea, Daniel fica a saber onde foi a antiga casa dos Aldaya. Ambos vão visitá-la, acabam por descobrir alguns segredos. A casa tinha como nome O Anjo da Bruma. Diziam que a casa estava assombrada, por isso nunca foi vendida a não a ser aos Aldaya e foi baptizada como Villa Penélope.

Fermín e Daniel vão ter com Jacinta, antiga aia de Penélope, que estava num sanatório. Ela conta-lhes que Julián e Penélope queriam casar, mas ele foi obrigado a fugir para Paris, porque senão era morto por Dom Ricardo, por uma razão que até agora desconhecida. Depois desta visita, à saída, Fermín e Fumero voltam a encontrar-se, este espanca-o. Daniel sem saber ao certo o que fazer, leva-o para a casa de Dom Gustavo, este acaba por saber da “história” e promete ajudá-los, assim os três pensam num plano, plano esse que será voltar a falar com Nuria.

Fermín segue Nuria depois da discussão com Daniel. Nuria acaba por não lhe dizer tudo, apenas lhe dá a certeza que ele não sabe onde é que se está a meter, aquele jogo era demasiado perigoso não só para ele. Nessa noite Nuria morre, Fermín desaparece e através de Don Anacleto ficam a saber que Fermín é acusado desse assassinato e que Fumero quer matá-lo, arranjando assim uma desculpa para esse crime.

Depois do funeral de Nuria, Daniel volta à sua casa onde encontra Isaac. Este dá-lhe um manuscrito que tinha escrito Nuria Monfort: Memória de Aparições – 1933-1955. Neste manuscrito, Nuria conta-lhe tudo aquilo que sabe sobre Julián Carax e a sua vida: conta-lhe que se apaixonou por ele, mas que o único amor da sua vida foi Penélope. Daniel fica saber que Penélope e Carax eram irmãos por isso Don Ricardo deixou morrer a filha num quarto enquanto tinha o filho de Julián, David Aldaya. Descobriu que Julián não morreu naquele incêndio. O corpo que foi encontrando de facto era dele. Mas apesar de estar carbonizado, Julián – o Miguel – sobreviveu. Para que Fumero não descobrisse que este ainda estava vivo, Nuria registou-o no hospital como Miguel Moliner.

Daniel soube que o homem com a cara queimada que um dia lhe perguntou se queria vender o livro A Sombra do Vento, era Carax que andava atrás dos seus livros para os queimar.

Fumero, Daniel, Bea e Carax voltam a encontrar-se na antiga casa dos Aldaya, O Anjo da Bruma. Nesta casa Daniel encontra Bea, desaparecida por os pais terem descoberto que estava grávida dele. Carax e Fumero discutem e para que este não mate Julián, Daniel acaba por levar um tiro que era para Carax.

Depois de Daniel melhorar casa com Bea e meses depois nasce o seu filho, Julián. Quando este completa 10 anos de idade, Daniel, leva-o até ao Cemitério dos Livros Esquecidos tal como o pai já o tinha feito à anos atrás.

Citações: “(…)mas a mim pareceu-me que o Julián viva no passado, encerrado com as suas recordações. O Julián vivia portas adentro, para os seus livros e dentro deles, como um prisioneiro de luxo.” (página 143)

De livros malditos, do homem que os escreveu, de uma personagem que se escapou das paginas de um romance para o queimar, de uma traição e de uma amizade perdida. É uma história de amor, de ódio e dos sonhos que vivem na sombra do vento.” (página 153)

Contei-lhe que até aquele momento não tinha compreendido que aquela era a história de gente só, de ausências e de perda, e que por essa razão me tinha refugiado nela até a confundir com a minha própria vida, como quem escapa através das páginas de um romance porque aqueles que precisa de mar são apenas sombras que vivem na alma de um estranho.” (página 154)

Os livros são espelhos: só se vê neles o que a pessoa tem dentro – replicou Julián.” (páginas 178)

Vi-me então a mim mesmo através dos meus olhos; apenas um rapaz transparentes que tinha conquistado o mundo numa hora e que ainda não sabia que o poderia perder num minuto.” (página 206)

Falar é de ignorantes; calar é de cobardes; ouvir é de sábios.” (página 244)

A cada passo podia sentir o frio, o vazio e a fúria daquele lugar, o horror do seu silêncio, dos rostos aprisionados em velhos retratos abandonados à companhia das velas e flores mortas.” (página 289)

É curioso como julgamos os outros e não nos apercebemos do que há de miserável do nosso desdém a não ser quando nos falam, a não ser quando no-los tiram. Tiram-no-los porque nunca foram nossos…” (página 293)

As recordações são piores que as balas.” (página 349)

Naqueles dias aprendi que nada mete mais medo do que um herói que vive para contar, para contar o que todos os que caíram ao seu lado nunca poderão contar.” (página 350)

As vidas sem significado passam de largo como comboios que não param na nossa estação. Entrementes, as cicatrizes da guerra fecharam-se à força.” (página 352)

Comentário: Este foi um dos melhores livros que já li até hoje é aquele tipo de livros que dá vontade de voltar a ler no momento em que acabamos de o fazer. Um livro com “ uma história inesquecível sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros.”

Um romance destes não se explica, contempla-se em silêncio. Mas, se tivesse que defini-lo em duas palavras diria que este livro é simplesmente único. Por isto aconselho a lê-lo porque realmente a história prende-nos até a última página.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Ideias desconfiguradas

"Eu hei-de amar uma pedra"... se bem me lembro este era um titulo de um livro, quando o vi, pela primeira vez, achei-lhe imensa piada pela conjugação de duas coisas onde não há afinidade.
Agora digo isso a mim mesma... amar uma pedra seria muito fácil, não traria tantos problemas como aqueles que se atravessam no nosso caminho. Deixei de acreditar nesse sentimento por muitos dito, por muito tentado e exposto em todas as ruas, em todos os climas... pela chuva, pela lama e pela alegria de vários momentos conjugados num só. Depois, depois deram-lhe o nome de felicidade e explicaram que precisamos dela para os mais ínfimos desejos/vontades. Sei que sim, mas a verdade é que não me faz lógica, não me entra na cabeça nem no coração tamanha coisa. Desinteressei-me daquilo que anda à minha volta, das pessoas, vi-me entre estilhaços a tentar perceber as coisas mais básicas da existências humana, aquilo que consideram dado adquiro desde sempre. Deixei-me nas ruas ao vento, numa tentativa desmesurada de saber quem sou e o que está errado. Só que nada mudou, nada acalmou e tudo fico assim, o casos insatisfeito de corrosão. Pulsa o sangue com mais força, tento acompanhar a carruagem que perdi, o rumo que vai lá longe, longe de mais para conseguir dar conta dele. 

 Liliana,  2 de Agosto de 2012

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Dedicatórias deturpadas

Há falta de dedicatórias, não daquelas que fazíamos quando éramos miúdos num qualquer caderno de linhas, com o cuidado para ter a melhor caligrafia, leves traços de algo que não era conhecido. Se ai já achávamos que sabíamos muitos, é no agora que tenho a certeza que não sabemos é nada. 

Pronto, mas passando ao ponto que me vez começar a escrever... Falta de dedicatórias no sentido de já não se disponibilizar de nós os outros, aos amigos, as pessoas que nós dizem algo e até as que não os dizem nada. Faz parte, todos os campos têm de ter algo, estar preenchidos... dar do tempo, o nosso tempo, aos outros, a oportunidade de se expressarem com a certeza de que se não o fizeram melhor foi que não conseguiram, no entanto, reconheço que neste ciclo de gente há quem não o faço por não querer. Torna-se tão difícil distinguir as coisas, ter o conhecimento do que se pensa ou que quer, ter em parte a certeza de quem há uma vontade e é com ela que temos de coabitar, desenvolver laços. É o ponto de partida para tudo. A realidade é que isto é risco de pólvora pronto a a ser acesso, são pormenores à muito esquecidos. Não, não sou assim tão "velha" quando isso, mas sinto que muito daquilo que aprendi, que senti foi levando por um qualquer furacão, sinto-me estranha neste mundo.... Sinto-me errada e com necessidade de ser mudada, arranjada, para assim ficar em concordância com o terrível padrão estereotipado que a nossa "humilde" sociedade adoptou, na verdade, impôs. 
Estou presa aquilo que acredito, ao modo como me afirmo, ao meu eu... eu estou presa a a algo que já não se dá a mínima importância. Preciso de ser reposta?  

Ai realidade/sociedade que faço contigo? Embrulho-te numa folha de papel e abandono-te por ai num canto... modifico-te ou deixo de ser eu?!

Liliana: 18:30h

A som de:

sábado, 23 de junho de 2012

Desligar

Esquecer-me, ter um apagão completo seria fácil, quase sem dar por isso não estaria aqui a conviver com isto. Gostava que ao escrever, estas pequenas linhas, tudo o que expresso se pagasse, ficasse arrumado em gavetas. Pequenos compartimentos como aqueles que temos em casa, numa estante repleta de livros... ainda assim ao olhar para eles parece-me que não há lá nada. Afinal de contas o que são 50 livros numa estante? Páginas e páginas de coisas escritas por alguém; Folhas soltas, essas sim são minhas, são os meus escritos as minhas tentativas de me expressar.


AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

Preciso de gritar, correr até não sentir as pernas... fugir daqui. SAIR, sair deste mundo. Estou mal com isto, insatisfeita. Porquê? Não sei, não sei mesmo. Tive vontade de reagir assim e foi o que fiz. Sentei-me e dediquei um pouco do meu tempo a descrever este grito seco e mudo, as anomalias passadas, que se notam, que trespassam sobre mim, como balas, balas frias que nos atingem à queima roupa. Preenchidas por vermelho vivo, o sangue ou a vontade... assim o baptizei dependendo da ocasião, da força, do momento.
O contacto com a minha outra parte, a insatisfação do presente..

uffff....

Estou melhor, mais leve. Valeu a pena este breve contacto.

Liliana,
23/06/2012   18:15h

sábado, 28 de abril de 2012

Filosofia de vida

(porque a luz que vemos... tanto nos pode mostrar o caminho, como cegarmo-nos)

Mais um, mais uma pessoa que conheço e me parece tão próxima. Gostaria de te pegar pela mão e tirar-te daqui. Preciso, tanto como tu, de sair, derramar ideias e conversar, não ver ninguém e ainda assim não estar sozinha. Vamos mais longe?
Não me és nada, mas é como se fosses.... agarramos nas poucas forças que ainda nos restam e tentamos "deitar tudo ao mar", afogamos as ideias, os preconceitos e as suposições. As coisas têm de mudar, partirem para outros níveis, deslocarem-se !!!!!
Preciso de gritar até não ter mais voz, preciso de me atirar em queda livre, - o confronto com o abismo, o infinito e o finito - preciso, desmedidamente, de uma saída , o escape desta história toda. Necessito de mandar cá para fora parte do meu entendimento, do fascínio pelo mundo ou da falta dele.
Queria esquecer, concretizar e as ligar as falácias que outrora me pareciam inocentes e sem qualquer tipo de interesse. Parece que a filosofia se aplicou à vida, moldou-se a ela e não pediu autorização para tal. Lembro-me, com toda a clareza possível, da história da Alegoria da Caverna e tantas outras que não liguei grande coisa. Afinal parece que há prisioneiros, gente que não vê a luz, que não conhece outro modo de vida senão aquele. "Endireitarmo-nos" e seguir em frente como se nada fosse, como os outros, não é possível, doí imenso....
Socorro será que se pode gritar? Será que nós entendem?

Liliana
7 de Março de 2012

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Meu caro (...)




Sem rigor, mas precisava disto...)


Os céus também choram por ti meu amor e tal como os céus as estrelas e os milhares de fragmentos.
As gotas existentes nas janelas não são a prova de terra molhada, de água debitada dos céus são sim, as provas da ausência, o suspirar dos tempos, a dificuldade da situação e, ainda assim, a felicidade de um momento.
As nuvens espessas, cinzentas, transbordam na verdade situações, lembranças, cedências e desistências. Trazem consigo também o reerguer dos olhares, o queimar de muita tinta; Têm vontades e a minha, neste instante, é escrever. Vou-me contrariando, vou fazendo por ser eu; Vou-te atormentando o juízo (com tais palavras), a paz d'alma que ainda tens, mas faço a diferença. Por muito que afirmes que eu não faço ou fiz alguma diferença... a verdade é que vou continuar a fazê-la, porque ninguém é igual a ninguém.
As minhas feridas, as minhas faltas, no hoje não fazem sentido, no amanhã complementam-se.
A letra, cada vez mais descuidada, preenchida por desmazelo ou então para juntar tudo aquilo que me passa pela mente.

Meu caro amigo, vou desta vez afirmar com todas as certezas que me refiro a ti... aos teus sorrisos, à tua boa disposição, aos amargos de boca e agora ao fim anunciado, mas que na verdade ainda vai dar muito para correr nestas páginas. Sei bem que és um anónimo reconhecido nas minhas palavras, um sonhador nato, humano de verdade e sinceridade, eu sou a menina dos tempos áureos, da mitologia e do hedonismo... utopias! Sou um sorriso quando o sinto, sou a tristeza de uma lágrima quando não me consigo pronunciar sobre mais nada, quando o frio nos invade quase sem darmos por isso.

[Tenho a certeza de que não ficaras assim (o meu pequeno tumulto de ideias), que te irei reformular, mas a essência continuará aqui. Ninguém calcula o quanto me dá gosto pegar numa caneta e escrever neste caderno sem ter de olhar para a perfeição das palavras, da pontuação e até da letra. A quem te ver, meu texto, entenderá que não passas de mais um rascunho, umas meras folhas de papel... possivelmente serás só isso se não te der outro rumo e outra vida, se não te mostrar, se te esconder, se não fizeres parte da construção humana. Não te troco, não te apago nem tão pouco te queimo... tenho coragem de assumir os meus erros, tenho medo, isso sim, da reacção dos outros perante tal facto.]

Neste preciso momento ressoam frases, na tua cabeça, construídas por mim, sentidas ao meu modo e na minha intensidade. Estas serão partes de um naufrágio com pouco de utilidade por não estarem agregadas nos seus devidos lugares.
Agora parece que não está acabado, mas vou dar-lhe um fim. Uma última ideia a esta conexão de sílabas.
Meu caro amigo, espero por ti aqui, para remisturar ideias, afinal de contas temos tanto por aprender, tanto por viver e provocar mudança. Fica a prenuncia, em jeito de carta, ficamos amigos de novo? Voltamos a falar nas horas vagas, a trocar algumas mensagens e ouvir o som da voz, a distância de um telefone bem perto de nós? Ficamos pela proximidade tecnológica a ver na tela: a ausência das relações intra-pessoais, sem o calor de uma conversa até as tantas num qualquer café, com uma chávena vazia, fria, consumida sem bebida, num entra e sai de gente que, aparentemente, não dá tanto valor as pessoas como nós damos/dávamos.

Escolhe:
The end?
Restart?
Renew?

Acho que não preciso de acrescentar mais nada.... o destinatário a reconhecerá!

Liliana Emídio
26 de Abril de 2012
(poderia ser num passado qualquer bem distante)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Eu


Eu não sou a perfeição do mundo nem o mundo de perfeição. 
Eu não sou um sorriso iluminado com a certeza de que tudo vai correr bem... 
Eu não sou a verdade de um dia nem a mentira de uma noite... 
Eu não estou desligada da certeza humana, nem tão pouco das suas incertezas. 
Eu não sou uma mulher, mas também não sou uma criança... 
Eu não sou os olhos destemidos de um tigre que avança assertivamente tentando capturar a sua presa. 
Eu não sou um jornal que esvoaça num beco, de uma rua qualquer, abandonado e sem configuração ou recuperação possível.
Eu não sou a letra de uma música entoada nas estações de metro de uma qualquer cidade.
Eu não sou os pássaros que voam pelo céu em busca da liberdade do amanhã porque a do hoje está a ser vivida.
Eu na verdade não sou nada, mas tenho um pouco de tudo e um q de diferença. Sou a força de algo que não sei definir, sou os olhos triste de um amigo que vi partir, sou os abraços apertados de alguém conhecido... Sou o anonimato, sou a revolta da presença. Sou a vento e água da chuva... Sou uma caneta e o papel. Sou muita coisa que não se descreve mas sente-se...

p.s- sou alguém que se perdeu por uma distracção e deixou este texto assim, inacabado, com uma personalidade vincada, mas ainda sem um fim à vista. Sou eu… a Liliana de sempre, apenas a reflectir. (Metáforas, ficam sempre tão bem…) 

Liliana Emídio
16 de Abril de 2012